terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Coordenador pedagógico e o universo escolar


Escrito por Isabel Cristina Miziara   
Qua, 17 de Novembro de 2004 21:00

No imenso e diversificado universo escolar, dentre os muitos atores que nele atuam, encontramos o Professor Coordenador Pedagógico (PCP) que, em algumas regiões do país, é chamado de supervisor ou orientador. Esta figura tem sido cada vez mais necessária nas instituições escolares para que esta construa uma identidade própria, a partir das muitas relações estabelecidas em seu interior, atendendo a sociedade na qual se insere de forma apropriada, face às "[...] transformações que vêm ocorrendo no mundo contemporâneo, em conseqüência dos processos de globalização, afetando a sociedade mundial e o nosso país". (FERREIRA, 1998) Para atender tal demanda, o PCP precisa manter-se constantemente atualizado, realizando leituras específicas da sua área de atuação, bem como a respeito de assuntos da contemporaneidade social.

Este profissional da educação exerce muitas funções nas instituições escolares, sejam elas públicas ou privadas. Aqui estarão elencadas somente algumas delas, por acreditar que, dentre todas, estas são atividades indissociáveis ao Coordenador Pedagógico.

Propiciar momentos de estudos para e com os educadores com os quais trabalha, num processo de educação continuada dentro do ambiente escolar, é atividade primordial do Coordenador Pedagógico. Ele deve incumbir-se de garantir, orientar e auxiliar esta formação, a fim de que os professores desenvolvam e aperfeiçoem suas habilidades, renovando conhecimentos, repensando a práxis educativas, buscando novas metodologias de trabalho, aliando teoria e prática, uma vez que não existe a possibilidade de dicotomia entre uma e outra, pois toda ação humana é intencional, tenha-se consciência disto ou não. Esta atitude traz como conseqüência a obrigatoriedade de se realizar periódicas avaliações acerca do desempenho dos professores bem como da própria ingerência neste campo, sendo um feedback fundamental para a melhoria da qualidade do ensino oferecida pela escola.
A valorização e conseqüente motivação dos professores, também é incumbência crucial do Coordenador, como em Lück (2002),

A motivação é o empurrão ou a alavanca que estimula as pessoas a agirem e a se superarem. A motivação é a chave que abre a porta para o desempenho com qualidade em qualquer situação, tanto no trabalho, como em atividades de lazer, e também em atividades pessoais e sociais.

Entretanto, esta valorização é uma tarefa que demanda percepção, observação e comunicação, para conseguir enxergar no outro sua essência enquanto ser humano, não se balizando somente nas competências ou deficiências que o professor apresente. É necessário vê-lo como um todo, como uma pessoa completa, com qualidades e defeitos, conforme observamos em Fullan e Hargreaves, 2000. Além disso, expressar aquilo que se valoriza é altamente eficaz no sentido de estimular o educador a progredir e envolver-se, constantemente, com as questões educacionais.

No extremo oposto tem-se o aluno, que precisa de acompanhamento incessante para formar-se integralmente enquanto cidadão do mundo. Mais uma vez entra em cena a figura do Coordenador Pedagógico, fazendo as intervenções necessárias junto aos alunos, professores e pais. Ao atuar como catalisador e mediador das relações pais/professores/alunos, evitando o desgaste entre estes pólos da escola, agindo com equilíbrio e ponderação, orientando cada qual em busca da melhor solução para os problemas e otimizando as relações interpessoais da comunidade escolar, determina-se, como desejo último, o bem-estar e o progresso escolar dos educandos dentro do processo de ensino-aprendizagem.

Outra função inerente a este cargo é a elaboração do Projeto Político Pedagógico da unidade escolar em parceria com a direção e o corpo docente, dentro de uma visão democrática de gestão escolar. Esta elaboração conjunta permite que o PCP ouça os anseios de seus pares em busca de melhores caminhos, auxiliando no processo de estabelecimento de metas e objetivos a serem alcançados por todos, oportunizando uma relação de co-responsabilidade por parte dos professores, tanto para os acertos quanto para as dificuldades ou falhas que possam advir. Esta iniciativa remete ao desenvolvimento de uma cultura escolar de cooperação, agregando imensos benefícios à escola e ao processo de ensino-aprendizagem, haja vista que a causa passa a ser comum a todos, num clima de reciprocidade e confiança. Outrossim, sugerir à Direção da escola a implantação de projetos que viabilizem atitudes e posturas inovadoras no processo de formação e aquisição de conhecimentos, com vistas ao desenvolvimento global da unidade escolar, é outra iniciativa desejável.

Assim, constata-se que, a despeito de ser uma presença recente no meio escolar, o Professor Coordenador Pedagógico tornou-se indispensável, uma vez mantendo-se numa postura equânime, consegue articular todos os integrantes do processo ensino-aprendizagem.


REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Laurinda R.; BRUNO, Eliane B. G.; CHRISTOV, Luiza Helena da S. (Org.) O Coordenador pedagógico e a formação docente. São Paulo: Loyola, 1999. 93p.
FERREIRA, Naura S. Carapeto (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências e desafios. São Paulo, 1998. 55p.
FULLAN, Michael. HARGREAVES, Andy. A escola como organização aprendente. Buscando uma educação de qualidade. Porto Alegre: Artmed, 2000. 136 p.
GUIMARÃES, Ana Archangelo et al. O Coordenador pedagógico e a educação continuada. São Paulo, Loyola. 7. ed.,2004. 55 p.
LÜCK, Heloísa et al. A escola participativa o trabalho do gestor escolar.Rio de
Janeiro, DP&A. 6. ed., 2002. 166 p.
 
Autor deste artigo: Isabel Cristina Miziara - participante desde Ter, 16 de Novembro de 2004.

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